sábado, 20 de junho de 2015

A Greve acabou, mas os desafios continuam!


No último dia 9 encerramos nossa histórica greve, mais de 15 mil educadores e educadoras reunidos em Curitiba decidiram por fim a greve, a votação foi apertada, muito mais apertada do que a direção da APP – Sindicato afirma, muitos saíram insatisfeitos, porém a decisão foi justa e democrática e agora toda a categoria deve focar em organizar a luta para superar novos desafios.

Do lado daqueles que votaram pelo fim da greve pesou o cansaço de um longo movimento, e o receio com possíveis descontos e retaliações, mesmo os que votaram pelo fim da greve em momento algum defenderam que a saída era devido a vitórias do movimento, avaliaram, erroneamente, que não teríamos força para derrotar o governo.
As educadoras e educadores que defenderam a continuidade da greve, defenderam por acreditar na força que nosso movimento ainda tinha, onde mesmo após vários ataques tínhamos a ampla maioria da categoria paralisada, defendiam a continuidade da greve também por ver que o governo estava encurralado, por um lado pressionado pela luta dos servidores públicos do Paraná e por outro por inúmeros casos de corrupção ligados diretamente a sua família.

Assim o governador estava encurralado, sem condições de governar e a categoria com grande força, não era o momento de recuar, pelo contrário era o momento de radicalizar a luta, as lições de fevereiro deste ano nos mostraram que quando unificamos nossa luta e radicalizamos nas ações não resta outra saída ao governo, a não ser recuar e admitir a derrota.
Porém essa diferença de avaliação é normal em uma categoria tão ampla e numerosa quanto a nossa, o que não foi normal foram às atitudes da direção da APP – Sindicato. É bom lembrarmos que na assembleia de Londrina, a direção do sindicato não queria o retorno a greve, defendiam apenas uma paralisação de três dias, e fomos nós, a base da categoria que bancamos o retorno a greve.
É importante salientar, que durante a semana da votação do projeto da previdência, a direção da APP – Sindicato conduziu corretamente a resistência a toda a truculência do governo do Beto Richa (PSDB) que teve seu ápice no Massacre de 29 de Abril. Mesmo que tenha pecado no que tange a unificação com outras categorias que também estavam lá em greve.
Logo após o Massacre, a direção da APP – Sindicato começou a construir uma saída para a greve, seja abrindo mão de pontos importantes da pauta, pois devemos lembrar que a pauta não era só a data-base e a previdência, e mesmo a luta pela revogação da lei da previdência foi abandonada, seja pelas posturas dos dirigentes que começaram a colocar mais peso na via parlamentar do que na organização da luta.
Mas força e a disposição para a luta da base da categoria, e a intransigência do governo, não permitiam a direção do sindicato colocar o fim da greve em pauta.
Entretanto, quando o governo apresentou uma proposta que não chegava nem perto de nossa pauta, sendo inclusive pior do que as propostas anteriores em que o governo chegou a oferecer 5%, a direção do sindicato arquitetou uma grande operação para colocar fim a greve, se utilizou do cansaço natural que tomava conta da categoria e das constantes ameaças do governo para convencer a base de que era hora de pôr fim a greve.
É importante ressaltar que ninguém acusa a direção de golpe ou algo parecido, foi uma disputa de ideias legitima, onde a direção do sindicato se utilizou de argumentos e estratégias para convencer a maioria de que era hora de acabar a greve, e foram mais competentes nesse convencimento do que quem defendia a continuidade da greve.
O que se questiona é a opção estratégica da direção da APP – Sindicato, em um momento em que o governo estava extremamente desestabilizado, em que a categoria demonstrava ainda ter muita força e disposição para luta, em que a base aliada do governo na ALEP começa a rachar, criando assim uma conjuntura que colocava todas as condições para a categoria aumentar as mobilizações e derrotar o governo, essa direção resolve convencer que é hora de recuar e dar tempo para o inimigo se reorganizar.
Todos nós saímos com um gosto amargo desta greve, seja os que queriam que ela continuasse, seja os que votaram pelo fim mesmo tendo a convicção de que não atingimos nossa pauta mínima de greve, porém não podemos abandonar a luta, não podemos deixar de participar das atividades e instâncias da APP – Sindicato, pelo contrário é hora de nos organizarmos e ocuparmos os espaços sindicais, para que nossa entidade seja fortalecida a fim de derrotar a burocracia sindical que muitas vezes nos leva para caminhos distantes da luta, e principalmente para derrotar esse governo, que com toda certeza não vai cessar os ataques pelos próximos 3 anos e meio.

Vinicius Prado
Agente Educacional II
Colégio Estadual Reneé Carvalho de Amorim
Pontal do Paraná

Publicado originalmente em ; http://ipsantosneto.wix.com/matinhosnaluta?fb_ref=Default

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